quinta-feira, 17 de abril de 2025

Crise Invisível: Afastamentos por Saúde Mental disparam no Brasil

 

 A explosão de afastamentos por problemas Psicossociais

Ricardo Friedemann 


Entra em vigor no dia 26 de maio de 2025 a nova atualização da Norma Regulamentadora 01,

do Ministério do Trabalho, que insere formalmente os riscos psicossociais no rol de riscos

ocupacionais. Até então, tais riscos apareciam de forma secundária na NR 17 (Ergonomia),

mas agora ganham força e protagonismo, passando a integrar o grupo principal de riscos já

estabelecidos há décadas: físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.

A partir dessa data, todas as empresas estarão obrigadas a implementar o gerenciamento

dos riscos psicossociais e da saúde mental dos trabalhadores, como parte de sua

responsabilidade legal.

Essa mudança não representa uma mera formalidade. Vejamos: em um período de dez anos

(2014–2024), houve um aumento de 400% nos afastamentos por causas psicossociais, com

destaque para o ano de 2024, quando o Brasil atingiu a marca de 472 mil afastamentos

relacionados a esses fatores — um crescimento de mais de 68% em relação a 2023.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa hoje o 1º lugar no ranking

mundial de afastamentos por ansiedade, sendo essa a principal causa de afastamento do

trabalho atualmente. Esse cenário reflete uma onda silenciosa, prevista por especialistas logo

após a pandemia de Covid-19, marcada por luto, insegurança financeira e profissional, e

isolamento social — fatores que contribuíram significativamente para o agravamento da saúde

mental da população. A inflação também figura como elemento agravante, reduzindo

progressivamente o poder de compra dos trabalhadores e aumentando o estresse cotidiano.

Esses dados não evidenciam apenas uma crise de saúde mental, mas também trazem à tona

consequências econômicas e sociais expressivas. Para as empresas, os impactos são

alarmantes: aumento de custos operacionais com afastamentos, elevação da rotatividade

(turnover), queda no desempenho organizacional, passivos trabalhistas e danos à imagem

institucional. Ignorar os riscos psicossociais deixou de ser um erro de gestão para se tornar

um risco real e agora, legal.

O gerenciamento desses riscos representa um grande desafio, que exigirá a atuação integrada

de diversos setores: profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho, gestores de Recursos

Humanos, o meio jurídico e os empresários. A saúde mental saiu das entrelinhas e entrou no

caput da legislação trabalhista.

As organizações que se adaptarem com inteligência e agilidade não apenas evitarão

penalidades, mas também colherão os frutos de ambientes mais saudáveis, produtivos e

sustentáveis.

A nova NR 01 não é apenas uma atualização técnica: é um alerta contundente sobre o preço

de ignorar o invisível.

Serviço:

Ricardo Friedemann – Fisioterapeuta do Trabalho, Ergonomista, Consultor em Saúde e

Segurança do Trabalho e Especialista em Comportamento e Neurociência.

Linkdin: Ricardo.Friedemann

Contato: (41) 99244-5205

Foto:  Aline Marques.

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